segunda-feira, 25 de abril de 2011

Tecnologia Hoje

Redes sociais e mundo corporativo. Mistura perigosa?

Consultores se dividem entre a praticidade e o perigo da tendência.

Um executivo liga o computador no escritório e nos campos para login e senha digita suas credenciais do Facebook. Ao estabelecer acesso à rede corporativa, visualiza todos que participam da sua rede pessoal e interage com eles. Parece utópico, em se tratando de um ambiente empresarial, mas essa situação pode se tornar realidade daqui a cinco anos, segundo Frank Gillett, analista da Forrester Research.
Ele afirma que os mundos profissional e pessoal estão se misturando,situação que pode viabilizar cenários como esse. Esse mix tem sido impulsionado especialmente pelo uso intenso e contínuo de dispositivos móveis e das redes sociais. "Smartphones corporativos são utilizados cada vez mais para fins pessoais, assim como notebooks", aponta.
Gillett acredita que ao unir mídias sociais e contatos profissionais no sistema de trabalho, oportunidades se abrem. Como exemplo ele cita um funcionário que integra sua conta pessoal no Salesforce e tempos depois vai visitar um cliente. Antes de ir à empresa, é possível conferir se lá trabalha alguém conhecido para estabelecer um primeiro contato.
Já o diretor de pesquisas do Gartner, Andrew Walls, diz que, apesar da enorme popularidade do Twitter, Facebook e LinkedIn, nenhum desses serviços fornece recursos robustos para detectar a verdadeira identidade de quem está por trás do perfil. "É por isso que a segurança corporativa pode ser totalmente afetada", acredita Walls. Na opinião do analista, dificilmente companhias seguirão esse caminho.

Uma mistura perigosa. É assim que o professor do Departamento de Comunicação Social da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Marcos Américo define a possibilidade de usar ferramentas sociais pessoais como recurso profissional. "Esse é um terreno movediço. Não temos dados sobre ele, mas penso que ao logar na rede com a conta pessoal, o funcionário não vai usar o espaço da mesma forma como se estivesse em casa ou em uma roda de amigos", avalia. 

Muito além da intranet
Por outro lado, para Gillett mesmo que as conservadoras não considerem o uso de credenciais de redes sociais para estabelecer conexão no computador, as empresas vão oferecer opções para integrar mídias sociais ou criar redes internas para conectar funcionários, clientes e fornecedores de diferentes localidades, fortalecendo o relacionamento desses grupos.
Compartilha da mesma opinião de Gillett o CEO e diretor de Pesquisa e Análise do EdgeGroup, Souvenir Zalla. "As organizações tendem a adotar redes sociais corporativas. Elas vão chegar para ampliar a produtividade dos funcionários, criar ambientes colaborativos e permitir a quebra de silos departamentais. Isso, no entanto, não significa que companhias vão deixar de usar e-mail e intranets. Esses elementos podem ser complementares", sugere.
Zalla reforça a avaliação de que as redes sociais podem ser utilizadas para unir áreas e filiais de empresas. "Os profissionais podem compartilhar ideias em fóruns, reduzindo sobremaneira o envio de e-mails; criar um perfil com foto para que outras pessoas saibam de quem se trata, usar um microblog para falar o que faz no momento, entre outras atividades", diz.
Algumas organizações já seguem o caminho sugerido por Zalla. É o caso da Unimed-Rio. Desde 2005, a cooperativa de médicos mantém uma intranet para aprimorar a comunicação e o acesso à informação. Mas no ano passado, decidiu inserir o conceito de web 2.0 no sistema.
Rafael Oliveira, coordenador de Comunicação da Unimed-Rio, explica que inicialmente a demanda por um portal interno surgiu na área de comunicação que buscava centralizar as informações da empresa. A TI colaborou para o desenvolvimento do ambiente, baseado em tecnologia Lumis.
Logo no início da operação, o ambiente contava com poucos recursos, entre eles dados institucionais, notícias, normas e arquivos de treinamento. "No ano passado, atentos ao crescimento das redes sociais e buscando descentralizar a alimentação de dados na intranet, optamos por reformular o espaço e adotar o conceito de colaboração para levar mais interatividade aos cerca de 2 mil funcionários", aponta Oliveira.
Batizada de Interface, o portal conta hoje com blogs, microblogs (semelhantes ao Twitter, em que é possível inserir comentários de até 140 caracteres), classificados e fóruns de discussão, para tirar dúvidas.
Embora a companhia não permita o acesso a redes sociais externas, segundo Oliveira, a abordagem não ficou de fora. "A interação social estará presente nas empresas", aposta.
Oliveira lembra que quando surgiu a discussão sobre a inserção de blog na nova página, que completou um ano de vida no início de abril, todas as áreas se mostraram interessadas. "Mas não sabíamos se a ideia emplacaria. Então,testamos em quatro setores."

A divisão acontece da seguinte forma. Há um blog voltado para divulgar informações sobre a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), órgão que regula os planos de saúde no País, e que tem relação com a Unimed-Rio. O outro fala sobre gestão de saúde e traz dicas sobre o tema. Há ainda o Terceiro Andar, com notícias da diretoria, e, por fim, o Verticalização, que concentra a estratégia de crescimento da companhia. Os espaços são atualizados de uma a duas vezes por semana, dependendo dos acontecimentos. O teste deu certo.
"Vamos ampliar a iniciativa para outros setores", adianta. Não foram só os blogs que obtiveram sucesso. Segundo Oliveira, de abril a dezembro de 2010, o portal registrou 840 visualizações. As notícias são as campeãs de acesso, totalizando 120 mil, em seguida os classificados com 54 mil e os blogs (20 mil) logo depois. "O portal tornou-se uma ferramenta fundamental para o trabalho e que possibilita melhorias para os negócios", afirma.
"Agora, todos podem interagir sem a necessidade de acionar o departamento de sistemas ou de comunicação, como acontecia antes. Até os classificados o próprio funcionário é capaz de gerenciar", afirma o executivo. "Podíamos moderar todo o conteúdo, mas não fazemos isso, pois a ideia é justamente dar liberdade aos colaboradores", completa.
Ele destaca outros benefícios colhidos desde o lançamento do Interface, como otimização dos processos de trabalho, maior interação e proximidade entre os colaboradores e a troca de experiências e opiniões sobre projetos e assuntos corporativos.
A Unimed-Rio pretende estruturar o portal com uma cara totalmente 2.0. "A nossa expectativa é definir um projeto para organizar um espaço com corpo de rede social, que inclui perfil do funcionário, com foto, e outras informações e personalização de conteúdo. Essa transformação será ainda mais radical do que a presente, mas altamente positiva", conclui.

2 comentários:

  1. É a rede a tomar conta de tudo... Creio que daqui cinco anos não só isso acontecerá como também ninguem conhecerá mais os verdadeiros olhos dos amigos... não saberão o timbre da voz e quanto ao campo dos negócios? Bem, as pilantragens e trapaças serão cdad vez maiores...
    Mas esta é a minha simples opinião.
    Abraços

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  2. Acredito que dentro destes 5 anos comentados as mudanças serão ainda maiores, pois estamos cada vez mais "dependentes" de redes sociais. O lado bom é que isso irá quebrar barreiras grográficas, podendo reduzir custos de uma empresa, porém, os funcionários terão que ser muito bem regrados para que façam bom uso das redes.

    Excelente post.
    Um abraço,
    Danilo Radke

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