sábado, 16 de abril de 2011

Tecnologia

Overclocking aumenta rendimento do PC sem gastar muito


Ismael Cardoso
É uma cena muito comum. Você compra um game novo ou precisa editar um vídeo pesado no computador que você comprou há um ou dois anos. Quando vai jogar, o game trava. Quando vai editar o vídeo, o processo de renderização demora horas. Isso porque é cada vez mais difícil acompanhar a velocidade de evolução dos hardwares e softwares, principalmente pelo preço que se paga para se manter sempre atualizado. Mas há uma solução para dar uma sobrevida ao equipamento, aumentando seu desempenho antes de ter que comprar um novo: virar um overclocker.
O overclocking é uma técnica usada para aumentar a capacidade do processador e fazer a máquina trabalhar mais rápido. Foi o que fez o entregador Rogério dos Santos Freitas, 31 anos. Sempre ligado nas novidades dos games, ele viu sua máquina ficar obsoleta e não tinha como comprar um equipamento novo. "Um amigo explicou que com o overclocking eu poderia ter um ganho no processador. Eu pesquisei na internet e peguei dicas com quem entendia", afirma. Sua máquina, que no começo do ano tinha um processador de 2,4 GHz, hoje trabalha a uma velocidade de 3 GHz.
Mas como isso acontece? O trabalho requer que o usuário mexa na tensão do equipamento para fazer com que o processador rode em uma frequência maior. Para isso, não precisa nem abrir a máquina: basta mexer na configuração da placa-mãe, que pode ser acessada na hora que o computador é iniciado. Porém, o overclocking não é uma tarefa fácil, como pode parecer. A alteração dessas configurações precisa ser pensada, pois pode trazer consequências: o aumento da temperatura do processador e do gasto de energia ou ainda a instabilidade do sistema. O que um overclocker faz é, na tentativa e erro, determinar uma boa relação "custo x benefício", em que o equipamento tenha um ganho significativo sem prejudicar outros componentes do aparelho.
Porém, mesmo que o overclocking seja bem feito e "moderado", ele pode acabar diminuindo a vida útil do processador, afirma o especialista Alexandre Ziebert. Mesmo assim, ele garante que vale a pena. "Os processadores são feitos para durar 20 anos. Se você faz um overclocking e diminui a vida útil dele para 15 anos, já vale a pena, pois em três ou quatro anos o processador já fica obsoleto", diz. Ziebert também defende a ideia de que o overclocking pode ser decisivo na hora da compra de um produto novo. "O usuário pode comprar um processador mais simples e depois alcançar o desempenho de processadores mais caros. Um gamer, por exemplo, pode investir essa economia em uma placa de vídeo mais potente."
Refrigeração
O único investimento que o overclocker precisa fazer é em um cooler, aparelho que elimina o calor gerado pelo trabalho do computador. Invariavelmente, a técnica aumenta a temperatura do computador, e ele precisa de uma refrigeração mais potente. "Via de regra, um processador funciona a uma temperatura de 60ºC. Para aumentar a velocidade de 3,4 GHz para 4 GHz, por exemplo, ele vai passar a trabalhar a 80ºC, e essa temperatura precisa ser baixada", explica Ziebert. Uma alta temperatura do processador causada por um overclocking mal feito pode aquecer e queimar também outros dispositivos, como a placa-mãe ou a placa de vídeo.
Só para se ter uma ideia da importância da refrigeração, overclockers "profissionais" chegam a usar nitrogênio líquido no resfriamento da máquina, que faz com que o processador atinja temperaturas negativas. É claro que esse tipo de refrigeração não é usado no dia a dia, pois seria inviável, mas em campeonatos, em que os overclockers querem alcançar o melhor desempenho possível, vale a pena. Ziebert já fez processadores de 2,8 GHz trabalharem a 5,9 GHz, mais que dobrando sua velocidade. "Tem gente que compra uma máquina já pensando em fazer overclocking e campeonatos entre amigos", diz.
Mas se engana quem pensa que é só entre amigos que essas competições acontecem. Grandes fabricantes de processadores organizam alguns desses eventos para estimular o overclocking. "Os fabricantes incentivam a técnica até para mostrar para o concorrente que o equipamento deles pode alcançar um desempenho melhor", diz Ziebert. Até mesmo quem nunca pensou em fazer overclocking na vida sai beneficiado, nesse caso. "Eles consideram o feedback dos overclockers para melhorar o desempenho do processador. Mesmo quem não faz overclocking tem uma máquina mais segura graças a esse retorno", afirma o especialista.

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